Agosto 2009
Paixão Canina
O Milton do Jerônimo – a já citada personagem folclórica lá do Quixadá, criava um cachorro mestiço de "Pastor Alemão", e eu, uma cadela da mesma raça, de nome Conga. Um dia, notei que minha Conga estava nervosa, logo vi que era o primeiro cio. Procurei o Milton e perguntei:
- Milton, a Conga está no cio, daria para cruzar com teu cachorro
- Vamos ver. Podemos levar os dois para o estábulo.
Levamos o casal de caninos para o estábulo. Assim que Tarzan – era esse o nome do Pastor do Milton - farejou no Ar e sentiu o cheiro que já lhe era familiar, ficou muito doido! Partiu para a pobre da neófila Conga. Num instante o cão atracou-se com a "encabulada" Conga, que começou a ganir desesperadamente.
Este teu cachorro é violento demias, Milton! – observei
- É porque você não sabe o que é uma paixão canina.
Gostando de pão e jumento
Na campanha eleitoral de Virgilio Távora para governador, nós participamos ativamente. Montou-se um "esquema eleitoral que envolvia alguns candidatos de "frente"é Alberto – o Russo Preto, hoje Bacurau da Meia Noite lá em Brasília – sempre foi um cara de não medir distância do trabalho, sempre foi de dar tudo e em tudo - faz churrasco, faz caipirinha, faz panelada e até discurso inflamado – agora está dedicado ao cordel engajagado – pois é o Zé Alberto aprendeu a dirigir e começou a guiar nossos jipes na campanha eleitoral.
Mas o Nego Véi ainda não era lá muito bom no volante e, certa madrugada, lá pelo Pirambu, Zé Alberto vai dobrando uma esquina, quando deparou-se com um padeiro num jumento carregado de pães ainda quentes, recém saídos da padaria.
O nosso motorista pisou no freio mas o carro acabou por bater no jumento espalhando aquele mundo de pães pela areia.Felizmente nem o padeiro nem o jegue sofreram nada, Zé Alberto,meio aperriado tentava explicar que o freio estava ruim, quando o padeiro objetou:
- O senhor devia ter mais cuidado com o jumento do padeiro! - Meu amigo, que jipe goste de pão ainda vai lá, mas como é que eu ia advinhar que este aqui andava doido por umento
Depende...
Vivi muitos anos em contato com Goiás e fiz grandes amizades com goianos que em geral são excelentes camaradas. Nunca pensei no entanto que teria ao voltar ao Ceará dois goianos entre os meus amigos – o Élcio e seu Hélio – que estão comigo diariamente no Sindicato dos Bancários. Hèlcio que adorava atividades esportivas é praticamente o braço direito do João do Vale no Departamento Esportivo. Ele não é cara de enjeitar parada, na hora de "carregar o piano" é o primeiro a se oferecer solícito e com muita disposição.
Pois um dia destes algumas moças, funcionárias do Sindicato estavam merendando junto à minha mesa de trabalho, como aliás gostam de fazer – quando chega o Élcio. Uma delas,delicadamente oferece parte de seu lanche e Èlcio que não parecia estar com apetite lhe responde sem qualquer ponta de malícia:
- Obrigado, estou sem tesão para comer...
- E precisa ter tesão para comer pergunta a moça.
- Depende do que se queira comer... – respondeu impertubável o nosso esforçado coordenador esportivo.
-E agora venham dizer que a burguesia não tem lá os seus encantos!
(*) Luciano Barreira (Quixadá), jornalista e escritor