Bom dia, sexta-Feira, 19 de Abril de 2024
Casa do Ceará

Imprima




Ouça aqui o Hino do Estado do Ceará



Instituições Parceiras


































:: Jornal Ceará em Brasília


::Odontoclínica
Untitled Document

Março 2012

A gíria presente na obra de Eça de Queiroz II

Há pouco tempo escrevi sob o mesmo título artigo em que assinalava a gíria na obra de Eça de Queiroz, na edição de “A Correspondência de Fradique Mendes”, da L&PM Pocket, com apresentação, posfácio e notas de Fabio Bortolazzo Pinto, reimpressão de agosto de 2010. Carlos Fradique Mendes, criado por ele, Antero de Quental e Jaime Batalha Reis, surgiu em 1869. Em 1870, segue vivo com Ramalho Ortigão. Em 1888, Eça colocou biografia e correspondência em Fradique. Não viu o lançamento, pois faleceu antes. Eça nasceu. Em 25.11.1845 e morreu em 16.08.1900. De 1872 a 1874, com 22 anos, serviu em Havana, de 1874 a 1878, em Londres, de 1878 a 1900, em Paris.

Retomo a gíria na Obra de Eça de Queiroz agora em “O Primo Basílio”, lançado em 1878, no rastro do sucesso de o Crime de Padre Amaro (1875) e Cartas da Inglaterra” (1877) quando foi transferido para o consulado português em Bristol, na Inglaterra. A edição em que me baseei é a da FTD, de 1994, que está de acordo com a da Livraria Lello Ltda, de 1935, com notas de Elenir Aguilera de Barros.

Não quero dizer que Eça seja influenciado pela gíria, ou como se diz em Portugal pelo calão. Até admito que recorreu aqui e alhures à gíria pela sua ausência física de Portugal, pois desde 1872 quando foi para Havana, que viveu fora de Portugal. Mas tinha o domínio da língua padrão, da língua portuguesa, falada e escrita da época. O seu texto é muito rico, sem ser rebuscado e ininteligível. Pelo contrário é um texto de fácil percepção..
O livro é rico nas referências sobre autores, romancistas, músicos, compositores, canções populares, divindades Greco romanas, personagens bíblicas e principalmente francecismos ou galicismos e anglicismos, citados aos montes, o que facilita a compreensão do contexto.
Mas além de gírias há muitas palavras do português histórico e da língua morta.

Tive o cuidado de capturar as gírias que continuaram no tempo, sem mutações relevantes.

Sigo, neste texto, a própria ordem do livro, para facilitar a identificação: quebreira, cansaço, fraqueza, moleza após refeição; restolho, palha de plantas, piso; proseirão, falador, prosador; romanesca, romântica; frufru (do francês frou-frou) ruído produzido pelo roçar de saias; cuia, tufo de cabelos postiços; tique (do francês tic) sestro, mania; cuco, relógio; calembur (do francês calembour, jogo de palavras na significação mas semelhantes sons); pelintra, pilantra; parvo, bôbo, palerma; beleguim guarda; tipóia carruagem puxada a cavalo; bagatela qualquer coisa; abarrotar comer demais e ficar arrotando; cabeça; viborazinha, pessoa elétrica, irrequieta; cupê, tipo de carruagem; bife, elegante, bem vestid; escarlate, vermelho; dengueiro, dengoso; gaforinha, cabelo de negro ou mal penteado; gingão, pessoa grande; cavaqueira, reunião social para conversar, tocar música, tomar chá e comer guloseimas; tumba, pessoa que não fala; furar, abrir espaço na escala social; pequena, menina, moça; cera-mostache, cosmético para alisar e empastar o bigode; olhos repolhudos, olhos quebrados; tronco de árvore, pessoa forte, o Sebastiarrão; sebento, seboso; babar, apaixonar-se; degredo, exílio voluntário ou forçado; chique (do francês chic), lindo, da moda; isca seca, pessoa magra; fava torrada, pessoa magra; saca-rolhas, pessoa magra; piorrinha mulher de baixa estatura, miúda; bruá (do francês brouhaha), ruído confuso que se eleva da multidão; pupurri (do francês pot-pourri), seleção de músicas; neve, sorvete; macambúzio, tristonho, fechado, pensativo; debochado, descarado; perdido, sem jeito; falatório, muita conversa, intriga; beata, comportada, sem ser carola, recatada; passear os meus leites, fazer digestão; tripa velha, pessoa magra; mexericar intrigar; asno imbecil, ignorante; besta imbecil, ignorante; peralvilho atrevido, agressivo; choldra, povão, ralé; maroto, malandro; espalhafatona, espalhafatosa; cacifro, quarto dos baús; tó rola, “isso,sim”, “não me enganas”, reles, sem graça, atrasada, sem encantos; maroto pessoa astuta; sarcófago, depósito de coisas inúteis; redondinha, gordinha; patranha enganação; gajo, rapaz, moço; chazada, xícara de chá; caturra pessoa velha, sem graça; lanche (do inglês lunch); pequerrucha, pessoa de baixa estatura, miúda; tintlim, tilintar de moedas; deixar correr o marfim, deixar que as coisas aconteçam; trambolhozinho, mulher de baixa estatura e gordinha;safar-se, sumir, desaparecer; don juan, (do espanhol), sedutor, conquistador; lençóis de vinagre, bater numa pessoa e deixa-la com o corpo contuso; carradas de razão, coberto de razão; pechincha, presente barato; pingadeira, uma série de presentes, entregues espaçadamente; cardar, esperar; um ror, um monte, muito; ave noturna, pessoa da noite; deixando tudo ao deus dará, ao léu, abandonado; punha-se a panriar, a descansar, a zombar; ditinhos, piadinhas, tacões, sapatos; rapariguita, moça nova; metediço, intrometido; bufa! bufa!, ufa, ufa; estabanada, sem modos; janota, bem vestido, aprumadinho; engelhada, enrugada, muito velha; enxovia, prisão; tintim por tintim, nos mínimos detalhes; que ferro! que maçada!; sustanciazinha, comidinha; desembaraçar daquela estopada, livrar-se de uma situação ruim; caldeira de Pedro Botelho, o inferno; randevu (do francês rendez-vous, casa de tolerância), arrepelou-se, saiu de si, descontrolou-se.

Há também no livro um grande acervo de palavras e expressões remetidas à língua morta tais como: dormir nas montadas; lausperene; anediar; botinas de duraque; peitilhos, galgos, palrar, estanqueira, vórtice, lamecha, cocar, repas etc.;

O livro que reafirma a trajetória de Eça no realismo apresenta tipos com traços repulsivos e cômicos, acentuados na ironia do autor sobre a sociedade portuguesa.

(*) JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor

Untitled Document

JB Serra e Gurgel
Jornalista e Escritor
http://www.cruiser.com.br/girias
gurgel@cruiser.com.br


:: Outras edições ::

> 2017

– Outubro
Como os cearenses vem os cearenses nativos e forasteiros

– Setembro
Ascensão e queda de Cleto Meireles: Colmeia, Haspa e Cidade Ocidental

– Julho
Para a Forbes, o Califa Abu Bakral Bagdadi é a 57ª pessoa mais poderosa do mundo

> 2016

– Setembro
Sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor

> 2015

– Novembro
Para a Forbes, o Califa Abu Bakral Bagdadi é a 57ª pessoa mais poderosa do mundo

– Outubro
Um cavaleiro andante que caminhou entre aforismos e citações

– Setembro
Por uma claraboia no meio do Salão Nobre do Palácio da Abolição

– Agosto
As cem edições do Jornal da Gíria. Um marco no mundo gírio

> 2014

– Setembro
Acopiara : “Meton, notas de uma vida”, uma trajetória e um exemplo

– Agosto
O Ceará poderia ter tido mais um presidente: Juarez Távora

– Julho
Sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor

– Junho
Dionísia aumentou a presença de Acopiara na Siqueira Gurgel

– Maio
Estão querendo Revogar a lei do morro: não sei, não vi, não conheço

– Abril
Faça como o velho marinheiro...

– Março
Tereza Aragão Serra, uma lenda quase esquecida em Tauá

– Fevereiro
José de Alencar e a língua portuguesa

– Janeiro
Moreira de Acopiara - o poeta popular de Diadema/SP

 

> 2013

– Dezembro
A presença dos Cearenses na população de Brasília

– Novembro
O cearense que escolheu o local para implantação de Brasília

– Outubro
Acopiara – Tia Nenem uma guerreira entre os Guilherme

– Agosto
As citações que marcam o cotidiano de Osvaldo Quinsan

– Julho
O último apito do trem que passava por Acopiara

– Junho
Dionísia aumentou a presença de Acopiara na Siqueira Gurgel

– Maio
Estão querendo Revogar a lei do morro: não sei, não vi, não conheço

– Abril
Faça como o velho marinheiro...

– Março
Tereza Aragão Serra, uma lenda quase esquecida em Tauá

– Fevereiro
José de Alencar e a língua portuguesa

– Janeiro
Moreira de Acopiara - o poeta popular de Diadema/SP

> 2012

–Dezembro
O acopiarense Vicente dos dez mares e oceanos

–Novembro
A presença de marranos e ciganos no Ceará

–Outubro
No modo de dizer dos italianos, as raízes de expressões brasileiras

–Setembro
Nobreza Cearense: Barões e viscondes não assinalados

–Agosto
A linguagem de Paco, regional e universal

–Julho
As armas e os barões assinalados

–Junho
Acopiara - Eita Brazilzão sem porteira

–Maio
Acopiara - Nertan Holanda Gurgel. Auto retrato de um homem simples

–Abril
José Alves de Oliveira: “árvore velha não se muda”

– Março
A gíria presente na obra de Eça de Queiroz II

– Fevereiro
Miguel Galdino - uma vida pelas justas causas

– Janeiro
História do Ceará de todos nós, presentes e ausentes

> 2011

– Dezembro
A gíria ou o calão presente na obra de Eça de Queiroz

– Novembro
A gíria ou o calão presente na obra de Eça de Queiroz
– Setembro
Como o Ceará libertou seus 30 mil escravos
– Agosto
Manoel Edmilson Teixeira um homem simples e de bem
– Julho
Acopiara - Apelidos e o que não falta
– Junho
Acopiara -Zé Marques Filho, uma referencia de respeito
– Maio
Os cearenses do Rio de Janeiro
– Janeiro
Acopiara - não é só mineiro que é desconfiado

> 2010

– Dezembro
Acopiara – os brasileiros reclamam de que mesmo?
–Novembro
Marcas da presença do Ceará na Guerra do Paraguai
– Outubro
Como o Brasil começou a fabricar seu papel moeda
– Junho
Um cearense acima de qualquer suspeita
– Maio
Acopiara – O centenário de Alcebíades da Silva Jacome
– Abril
Acopiara e o Seminário do Crato
– Fevereiro
A queda de braço entre o Presidente Castello Branco e seu irmão Lauro

> 2009

– Dezembro
Os desencontros entre José de Alencar e dom Pedro II
– Novembro
Tem uma Teresa que foi a 1ª. mulher cearense a ser delegada da mulher em Brasília
– Outubro
Acopiara - Dom Newton 60 anos de padre, 30 anos de bispo
– Agosto
Acopiara - O passado é um pais estrangeiro
– Julho
Futebol cearense atravessa mau momento
– Junho
Acopiara – O Estrago da Crise Global
–Maio
Meu avô – Henrique Gurgel do Amaral Valente II
–Abril
Acopiara - Reverência aos nossos heróis anônimos
– Fevereiro
Acopiara vista à distancia, em cruzeiro
– Janeiro
Chico Sobrinho o líder do clã que fará 20 anos de poder em Acopiara

> 2008

– Dezembro
- Acopiara comemorou cinco centenários em 2008
– Novembro
- Acopiara – os 50 anos do padre Crisares.
– Outubro
-Acopiara – como nos despedimos dos que se foram
– Setembro
-Acopiara – Mazinho e Erosimar, os empreendedores
– Agosto
-Acopiara – Ezequiel partiu e deixou saudade
– Julho
- Acopiara - Meu avô, Henrique Gurgel do Amaral Valente
– Junho
- As mães que povoaram Acopiar
– Maio
- Chico Guilherme, a hora e a vez do Coronel




:: Veja Também ::

Blog do Ayrton Rocha
Blog do Edmilson Caminha
Blog do Presidente
Humor Negro & Branco Humor
Fernando Gurgel Filho
JB Serra e Gurgel
José Colombo de Souza Filho
José Jezer de Oliveira
Luciano Barreira
Lustosa da Costa
Regina Stella
Wilson Ibiapina
















SGAN Quadra 910 Conjunto F Asa Norte | Brasília-DF | CEP 70.790-100 | Fone: 3533-3800 | Whatsapp 61 995643484
E-mail: casadoceara@casadoceara.org.br
- Copyright@ - 2006/2007 - CASA DO CEARÁ EM BRASÍLIA -