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Agosto 2015

Morreu Orlando Orfei Os Circos que alegraram nossas vidas

Orlando Orfei, um dos maiores nomes do circo, vai ser enterrado terça feira, 4 de agosto, no Rio de Janeiro onde morreu aos 95 anos. O Italiano Orfei morava no Brasil desde o fim da década de 1960. Começou como palhaço aos 6 anos de idade. Era domador de leão e foi dono do Tivoli Park, um famoso parque de diversões que ficou montado durante décadas na zona sul do Rio. A morte desse artista me recorda os circos que alegraram Fortaleza no século passado.

Ainda menino em Ubajara ou Ibiapina o simples anúncio de que “ o circo chegou” era motivo de grande alvoroço nas cidades. A expectativa era grande entre adultos e crianças. O espetáculo que íamos ver teve sua origem na antiguidade, passou pelas arenas romanas e chegou à idade média com grupos de malabaristas, artistas de teatro e comediantes viajando pela Europa. Coube ao inglês Philip Astley, em 1769, organizar as apresentações circenses debaixo de uma tenda de lona que mudava de cidade constantemente.

O circo da minha infância no interior do Ceará não tinha cobertura. Lona só dos lados. “Hoje tem espetáculo?” - Tem sim senhor? - Às 8 da noite? - Tem sim senhor. Arrocha negada – Uuuuurrra!!! gritava a meninada que tinha um dos braços pintado com uma numeração, o que lhe daria direito a entrar de graça. A propaganda pelas ruas da cidade era conduzida por palhaços acompanhados pela garotada. Hoje temos um palhaço deputado federal, o cearense Tiririca. No passado, o máximo que um palhaço conseguia era aparecer na televisão, como o Bozo, Carequinha ou Arrelia. O palhaço mais famoso do Brasil foi Piolin, encarnado pelo paulista Abelardo Pinto, de Ribeirão Preto. Morreu em 1973 mundialmente conhecido. Além de grande criatividade cômica, Piolin era equilibrista e ginasta. Foi considerado “o maior palhaço do mundo”. Ele nasceu no dia 27 de março de 1897. O dia de seu nascimento foi escolhido para ser o Dia do Circo no Brasil.

Circo Nerino

Um outro palhaço famoso foi o Nerino. Mas esse fui conhecer quando eu estava mais velho e morando em Fortaleza. Minha casa ficava na avenida padre Ibiapina, ao lado da praça São Sebastião, local destinado a armação dos circos. Nerino, dono do circo, era o palhaço Picolino Segundo, que matava todos de rir com suas estripulias. O circo Nerino foi criação do pai dele, Picolino Primeiro, em 1913. O Nerino fez sua última apresentação em setembro de 1964, em Cruzeiro do Sul, em São Paulo, depois de marcar a memória de muitos garotos país a fora.

Circo Tihany

Desses circos paulistas, o único que ainda está com a lona armada é o Tihany. Fundado por Franz Czeisler em 1954 na cidade de Jacareí, em São Paulo, o circo sobrevive porque foi levado para o exterior. A origem do nome vem de sua cidade natal Tihany, na Hungria. Foi ainda com o nome de Circo Mágico Tihany que esteve em Fortaleza. Antes de vir para o Brasil como imigrante em 1952, Franz já trabalhava nos palcos da Hungria, Romênia e Tchecoslováquia, como ator, bailarino e, por último, mágico. Após uma rápida passagem pela Flórida, o circo fixou-se em Las Vegas, onde Czeisler, de 96 anos, vive até hoje. O sucessor dele e atual diretor do Tihany Spetacular Circus é o argentino Richard Massone.

Circo Garcia

De todos esses circos o que me marcou mais foi mesmo o Garcia. Muita gente se apaixonou pelas artistas. Algumas delas ficavam hospedadas na mansão dos Limaverde, na rua Clarindo de Queiroz, em frente a praça São Sebastião, onde foi armado várias vezes. Antolim Garcia dizia que todo circo tem que ter uma velha. É a mãe de artistas, pode ser a mulher do empresário. Garcia dizia que circo sem velha não existe. Ela costura, examina uma colega grávida, chama a parteira, faz massagens, faz tudo, zela por todos e ainda faz fofocas, intrigas que ela mesmo se encarrega de desfazer. No livro que escreveu sobre o circo em 1962 Garcia comenta os costumes e prolemas dos companheiros que amou. Ele revela que no Brasil o circo se compõe de duas classes: uma representada pelos tradicionais, que é formada por artistas nascidos em circos e que são a continuação dos imigrados que iniciaram a vida circense no país. A outra classe é a dos aventureiros, constituída por artistas que antes exerciam outras atividades e que ingressaram para o circo por conveniência ou boemia.

O livro de Antolim Garcia que conta essa história de Babá e Curió foi escrito em 1962, quando seu circo comemorava 47 anos de existência .

Desde a década de 80, o Garcia enfrentou crises financeiras sucessivas. A arte circense já encarava a concorrência da televisão, que passou a oferecer diversão sem que as pessoas precisassem sair de casa. Muitas lonas foram baixadas, no Brasil inteiro. Mas a instabilidade econômica atual foi decisiva. A alta do dólar tornou inviável o pagamento de artistas internacionais, com remunerações atreladas à moeda norte-americana. O Garcia chegou a pagar US$ 2,7 mil por semana a trapezistas mexicanos. Quase toda a dívida atual é referente a salários atrasados. Alguns acontecimentos marcaram, de maneira particular, a derrocada do Garcia. Antolim morreu em 1987. Desde aquele ano, o grupo era administrado por sua mulher, Carola Boets, e pelo filho dele, Rolando Garcia, que faleceu em setembro de 2002 “Sem meu enteado, fiquei muito sozinha”, afirma Carola. “Aqui nós estávamos empatando dinheiro”. Além de Rolando, morreram desde o 2000 os outros dois filhos de Antolim, Ruth e Romero. No dia 29 de dezembro de 2002, aconteceu o último espetáculo do Garcia, que estava montado na Avenida Guarapiranga, região do Santo Amaro, Zonal Sul paulistana. Sinal cruel dos tempos. Só 280 pessoas compareceram ao espetáculo, e se espalharam pela arquibancada construída para 3.500 espectadores. A arrecadação, lastima Carola, não foi suficiente nem para pagar os R$ 300,00 gastos com a manutenção dos geradores em uma noite de espetáculo.”

Orlando Orfei

Já o circo Orlando Orfei encerrou suas atividades em 2008. Orfei foi um inovador na sua perofissão. Ele inventou o cartaz de quatro folhas para substuir a propaganda feita em folhetos manuais. É dele, também, a ideia da lona de plástico para substituir a de algodão, que era cara e pesada para transportar. O velho italiano escolheu Nova Iguaçu, no Rio, para passar seus últimos dias de vida ao lado da família e do cachorro Lobo, pastor alemão, que estava sempre ao seu lado. Em uma de suas últimas entrevistas, o repórter perguntou a Orfei como teria sido a vida dele se o circo não existisse. O artista respondeu, sorrindo: - Eu inventava.

(*) Wilson Ibiapina (Ibiapina), jornalista, diretor do grupo Verdes Mares, em Brasília

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Wilson Ibiapina
Jornalista

                                            


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