Dezembro 2009
O Ano Novo e suas ameaças
Lá vem 2010. Nem sei se a gente vai ter tranquilidade para pensar em coisas boas. O mundo está abarrotado de notícias péssimas. Vão desde a alta temperatura, provocada pela poluição, que pode causar mortes e prejuizos de trilhões de reais à economia, até casamentos dos jovens que se desmancham na primeira briga. O crack mata e se espalha pelo interior feito fogo de palha. A Aids ataca adolescentes.
Bem pior do que a ameaça de novos apagões é a previsão de um raro alinhamento cósmico, que acontece a cada 26 mil anos. Ao mesmo tempo, ocorre uma mudanca do eixo da terra e a data exata é 21.12.2012. Está no calendário Maia, está no Google. O cineasta alemão Roland Emmerick já levou pras telas. Todos vamos ficar com medo. Até os que não acreditam.
O apocalipse passa pelo escritor José Saramago, que em seu último livro "Caim", pinta o Deus da Bíblia como vingativo, rancoroso, capaz de mandar um pai (Abraão) matar o próprio filho (Isaac) só para provar que lhe é fiel.
Em 1938 surgiu uma onda parecida. No momento em que Hitler tomava o poder na Alemanha, rolava pelo mundo boatos de que um cometa ia se chocar com a Terra, que haveria um eclipse total. Assim, como esse cineasta que fez o filme 2012, o compositor baiano Assis Valente aproveitou o mote e fez o samba: "Anunciaram e garantiram/Que o mundo ia se acabar/Por causa disso/Minha gente lá de casa/Começou a rezar...E até disseram que o sol/Ia nascer antes da madrugada/
Antes do desastre final, vamos nos emocionar vendo Lula, o filho do Brasil. Tem gente dizendo que não votou no cara e não vai votar na coroa, mas que não quer ir de Serra. Mas não será o fim do mundo. Não podemos desistir de preparar o país para sediar as Olimpíadas e a Copa..
Vamos manter a cabeça ocupada para não ficar pensando só no apagão final. Não faça como Assis Valente no samba que, acreditando nessa conversa de fim de mundo foi tratando de se despedir e de aproveitar: .. "Beijei a bôca/ De quem não devia/ Peguei na mão/De quem não conhecia/Dancei um samba/Em traje de maiô/E o tal do mundo/Não se acabou/...
(*) Wilson Ibiapina (Ibiapina), jornalista