Março 2013
A cidade de Ibiapina está sendo tombada
Ibiapina, uma velha cidade da Serra da Ibiapaba, que devia estar sendo tombada, quer dizer preservada, sob a guarda da prefeitura, do estado, para conservação de seu imóveis, praças, está na verdade sendo tombada, no sentido de derrubada. O advogado Galba Aragão me liga de lá para lamentar a ação predadora de alguns moradores da cidade. Estão fazendo ruir prédios mais antigos da praça do Mercado Municipal para levantar no local alguma edificação de arquitetura duvidosa. Falta uma lei municipal para salvar da especulação imobiliária áreas como as praça de São Francisco, do mercado, da matriz de São Pedro, a pracinha que fica em frente a casa de seu Janjão, de Àlvaro Soares.
São casas residenciais e comerciais que pintadas darão um colorido especial à cidade e vão virar atração turística. Mas lá ninguém parece pensar assim.
A cidade com menos de 24 mil habitantes é dominada, hoje, por comerciantes e agricultores que chegaram de fora e não têm nenhum compromisso com o passado do município. Nem sabem que, onde está a sede ficava a aldeia dos tabajara.
A região era ocupada por mais de 70 aldeias de índios tupinambá, tapuia, todos da raça tupi. O cacique tabajara Jarupariaçu (Diabo Grande), ficava em Ibiapina e o irmão dele, Irapuã (Mel Redondo) comandava a tribo de Viçosa. No século XVII os índios já negociavam com os franceses que ocupavam São Luís do Maranhão. Os portugueses chegaram em 1603. Em seguida vieram os jesuítas que fundaram a igreja de São Pedro onde hoje está erguida a matriz com o mesmo patrono. Ibiapina era maior. Vários de seus distritos como Ubajara e Mocambo se emanciparam.
A cidade não acompanhou o progresso de seus vizinhos Tianguá, São Benedito e Ubajara. Estagnou no tempo. Falta um administrador inteligente que saiba explorar o potencial turístico do município, que respeite a velha arquitetura que promova eventos capazes de atrair empreendedores e visitantes. Não pode ser especuladores menores, de visão rasteira que destrói o que deveria ser exibido como troféu deixado pelos antepassados.
As construções devem ser levadas para áreas novas, expandindo a cidade sem destruir seu centro histórico. A população, através de vereadores e do prefeito precisam ter como tarefa prioritária a adequada e criteriosa preservação dos bens e monumentos da cidade. Vamos olhar para o futuro sem esquecer a preservação do passado.
(*) Wilson Ibiapina (Ibiapina), jornalista, leia também no blog Conversa Piaba: http://conversapiaba.blogspot.com.br/