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Abril 2009

Fortaleza: bela e amada cidade


Fortaleza aniversaria. Convencionou-se que será no dia 13 de abril.

Mas há quem diga que seria no dia 12, data em que o povoado batizado pelos portugueses de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção foi elevado à condição de cidade em 1726 A nova denominação foi sendo reduzida ao longo dos anos até ficar somente Fortaleza. Mas bem antes de 1726, Fortaleza já existia.

Os historiadores batem boca sobre a verdadeira data de fundação. Dizem que, na verdade, o povoado data de 1604 quando o português Pero Coelho de Souza aí aportou. Ergueu o Fortim de São Tiago às margens do rio Ceará, lá Barra do Ceará e chamou o povoado em volta do fortim de Nova Lisboa.

Oito anos depois, veio Martins Soares Moreno e seus colonizadores, estabeleceram na cidade um posto de defesa na tentativa de expulsar os franceses. E trocaram o nome do forte para São Sebastião. Sem os franceses, não tardaram a aparecer os holandeses que dominaram a região até 1644.

Até hoje não se sabe direito quem fundou a cidade. Polêmica à parte, o fato é que ao longo dos anos foi tomando jeito até ficar conhecida por seu charme que atrai turistas do mundo inteiro.

A principio tímida tirou a cadeira da calçada quando o rádio começou a prender a atenção da população com seus musicais e novelas. O calçamento que facilitava o escoamento da água da chuva e ajudava a manter a temperatura amena, foi trocado por línguas negras de asfalto.

A brisa que sopra do mar acariciando a pele das pessoas como uma mão fazendo massagem, foi interrompida por uma parede de prédios levantados ao longo da beira-mar. A chegada de novos habitantes, atraídos do interior e de outros estados, retirou o comércio do centro da cidade. A descentralização espalhou tudo pelos bairros que continuam surgindo para abrigar tanta gente.

Os ricos, que no começo moravam em São Gerardo, Jacarecanga e Benfica, foram todos para a Aldeota e de lá também, se espalharam pela imensa cidade.

Fortaleza tem apanhado muito. Prédios históricos são demolidos, lagoas e praças desaparecem com num passe de mágica. O verde é só o do parque do Cocó. Os pés de frutas somem junto com os quintais. Os oitis, as árvores que sombreavam as ruas foram cortadas pela raiz, aumentando a incidência dos raios solares, esquentando a cidade.

A" Fortaleza, a loira desposada do Sol que dormitava a sombra dos palmares”, cantada por Paula Ney, despertou em meio ao barulho ensurdecedor de milhares de carros que entopem as ruas. “As brancas praias embaladas pelas ondas azuis dos verdes mares” foram invadidas por barracas, turistas e farofeiros. A cidade está inchando, contaminada pelo crescimento desordenado.

Fortaleza é hoje uma cidade adulta, adulterada, corrompida, deformada.

A terra de Iracema, de alegria e beleza universais, decantada no esplêndido poema de Paula Ney, já não vê passarinho em cada ramo nem ouve pipilos de amor em cada ninho na solidão dos verdes matagais.

Virou selva de pedra. Aos 282 anos prestes a explodir, a cidade pede socorro.

(*) Wilsom Ibiapina (Ibiapina), jornalista

 

 

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Wilson Ibiapina
Jornalista

                                            


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