24 de Junho de 2008
Fonte: Diário do Nordeste - 22/06/08
Esperança negra
E lá vamos nós, movidos a petróleo, em meio aos conflitos internacionais, violência urbana, falta de alimentos. Pela quantidade de carros circulando nas ruas de Fortaleza dá para imaginar o formigueiro que virou a Terra. Há quem garanta que dentro de 15 anos apenas a Árabia Saudita, Iraque, Emirados Árabes, Kuwait, México e Venezuela terão possibilidade de exportar petróleo. O Brasil aposta no que pode jorrar das jazidas recém-descobertas em nosso litoral. O fato é que estamos acabando em três séculos o que a natureza levou 400 milhões de anos para criar.
O maior consumidor de petróleo do mundo – os Estados Unidos- já sente a crise no bolso, a parte mais sensível do ser humano. O medo de racionamento se espalha pela Europa e se estende pelos supermercados do planeta. O preço do petróleo sobe, a inflação atormenta as nações.
O biocombustível , fonte renovável de energia a partir do álcool da cana-de-açúcar e de plantas oleoginosas, é rejeitado sob a alegação de que estamos priorizando o etanol em detrimento da produção de alimentos.
O presidente Lula já percebeu que tudo não passa de lobbie dos que não se cansam de faturar em cima do petróleo. O jeito é olhar para a maior potência. Pode vir de lá a saída.
O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, já fez a relação direta entre a guerra do Iraque e a crise na economia do país dele. A guerra custa 100 dólares por dia a cada família americana. O senador fez os cálculos e afirmou: o americano médio paga o preço da guerra. São 50 dólares para encher o tanque de um carro e os cofres dos inimigos, maiores produtores do ouro negro.
O jornal The New York Times diz que Obama é um liberal que quer regulamentar Wall Street e estancar as hipotecas de habitações, negociar com inimigos estrangeiros e se desligar da guerra no Iraque. Ele fala na entrevista sobre as divisões de raça e classe na América e diz que a velha retórica de injustiça racial esgotou a si própria.
A esperança se volta para este democrata negro, filho de muçulmano e de sobrenome Hussein. O diabo é se os americanos se decidirem pelo republicano John McCain, veterano da guerra do Vietnã , seguidor de W. Bush.