Junho 2010
História do Ceará
O livro era sobre o Mucuripe. Foram tantas pesquisas em Fortaleza, Madri e Lisboa que virou um compêndio da história do Ceará: “Caravelas, jangadas e navios – histórias do Ceará – resgates e contrastes”. Dois anos sem dormir direito. À noite, luz do quarto do hotel, em Brasília, era vista pela janela do 4º andar. O computador só faltou soltar fumaça. Fosse no tempo da máquina de escrever Rodolfo Espínola teria sido expulso pelo barulho provocado pelo bater nas teclas. Em 510 páginas estão o surgimento do comércio através dos portos, os escravos, o começo de Sobral, Camocim e Aracati. O porto por onde entraram espanhois, portugueses e holandeses. Revela a existência de uma base americana no Mucuripe no tempo em que os garotos da época disputavam heróicas competições. Entre esses nadadoras estava João Gentil Jr que, aos 20 anos, ganhava todas. Hoje, aos 80, continua nadando e lembrando do tempo em que o Mucuripe era só mar e dunas. Tem até as composições de Fausto Nilo, Irapuan Lima, Fagner, Ednardo, Luís Assunção e de outros artistas sobre a beleza de nossas praias, jangadas e portos. Várias fotos do Zeppelin, o dirigível inventado pelo conde alemão Ferdinand Von Zeppelin que nos anos 30 desceu em Fortaleza. Outra curiosidade que ele foi buscar na praia de Iracema: o edifício de Pedro Philomeno em três momentos:a construção, o auge e a decadência. O mar carregou a praia e o tempo destruiu o hotel que abrigou gente como Hebe Camargo, Orson Welles e Lúcio Brasileiro. Edson Queiroz está lá, assistindo o lançamento ao mar de um gigantesco tanque para armazenar o gás que começava a chegar para mudar comportamento e modernizar as cozinhas cearenses. O texto do Rodolfo começa com a chegada das caravelas e vem até o porto do Pecém. Mostra como o progresso veio pelo mar,como as exportações impulsionam nossa economia. A maior sacada do autor é a prova que apresenta de que os espanhóis chegaram ao Ceará antes dos portugueses à Bahia. Vicente Pinzón desembarcou no Mucuripe três meses antes de Cabral em Porto Seguro.
O Ceará não tem nenhum outro livro com tanta informação e ilustração sobre sua história.
(*) Wilson Ibiapina (Ibiapina) jornalista