Outubro 2015
Capado, mas muito macho
Quando dei de presente ao jornalista
Francisco Baker o livro sobre a descoberta do
mundo pelos chineses, ele foi logo falando sobre
o almirante eunuco Zheng He que liderou
a poderosa esquadra que em 1421, antes das
descobertas de Colombo e de Pedro Alvares
Cabral, navegou pelo mundo. Um mongol
com mais de dois metros de altura, pesando
uns cem quilos, bonito, mas castrado.
Por volta de 1356, uma enchente do rio
amarelo inundou grande parte da China que
já passava dificuldades por causa da falta de
alimentos e emprego. Um desses chineses famintos,
Zhe Yunanzhang liderou os rebeldes,
expulsou o imperador mogol Toghon Temur
e fundou a dinastia Ming.
O filho desse imperador, Zhu Di, aos 21
anos foi destacado para acabar com os últimos
redutos mongóis na China. Os chineses
massacram os adultos e os jovens mongóis
tiveram os pênis e testículos extirpados.
Muitos morreram. Os sobreviventes foram
convocados para o exercito ou levados para
trabalhar como vigias de haréns ou como
espiões, pois mesmo castrados eram fieis
seguidores do Imperador.
Um desses jovens foi trabalhar com o imperador.
Zheng He virou um bravo soldado que
conquistou a confiança do Imperador. Muito
alto e forte, o eunuco andava feito um tigre.
Não perdia uma batalha. Era tão fiel, que foi
nomeado almirante que teve como principal
tarefa comandar a poderosa esquadra chinesa.
O escritor inglês Gavin Menzies revela
que o belo e grande eunuco mongol Zheng
He tinha um segredo. Num dos bolsos de sua
túnica carregava um cofrinho cravejado de
pedras preciosas. Dentro dele guardava os
restos murchos de seu pênis e seus testículos.
Levava com ele, também, a esperança de um
dia, já na eternidade, poder tornar-se, de novo, um homem por inteiro.
(*) Wilson Ibiapina (Ibiapina), jornalista, diretor do grupo Verdes Mares, em Brasília