Julho 2011
Tarcísio Tavares/TT, uma saudade
Voces hão de dizer que fui mal e não solidário com Tarcisio Tavares. De fato, só tive coragem de visitá-lo, todo entrevado numa cama, uma vez e assim mesmo porque tive a solidariedade de Juarez Leitão. O bom humor com que ele nos recebeu, apesar de sua situação, mostrou que, ao menos, a cabeça, a alma estavam intocadas pela moléstia, pela tragédia.
Foi um amigo querido que perdi. Lembro me dele, ao lado de Ayrton Rocha, comandando o programa de entrevistas da TV Ceará, a empresa associada, intitulado “Eles fazem a cidade”. Já era dotado de prodigiosa alegria e incomparável talento.
Depois enveredou pelo radio e produziu programas que eram discutidos por toda a Fortaleza.
Bom mesmo eram as promoções comerciais, principalmente as que produzia para a loja OCAPANA, do Assis Vieira, que perturbava o trânsito da rua Barão do Rio Branco. Por esta época, ele criou um ídolo das mulheres, um garoto de baixa estatura, que não era nenhum Adonis pelo qual as moças da época se engalfinhavam e até lhe despedaçavam a roupa. No rádio, ainda pegou um rapaz que nada tinha de café soçaite e o fez colunista social que preconizava, como se fossem um comercial, as frases: O biquini é necessário. Ou então “Virgindade dá cancer”.
Em suma, TT trabalhava, revolucionando o comércio de varejo do Estado, ao mesmo tempo em que se divertia.
E gastava a roda. As festas de sua casa, primeiro em casa alugada à desembargador Moreira, podia faltar tudo menos animação, bebida cinco estrelas e melhor comida. Ele sentia prazer especial em acolher os amigos.
Isto depois de haver sido o rei do subúrbio, frequentando, com assiduidade, os clubes suburbanos.
Hão de dizer. Que Tarcisio poderia ter ficado rico, com o que ganhou, como bom profissional. Ficou, nada. Torrou tudo, oferecendo a melhor bebida e a melhor comida aos amigos. Ao final da vida, possuía de seu apenas o apartamento onde morava.
A sorte foi ter um patrão como Newton Freitas que lhe pagou, integralmente, durante os últimos três anos de sua existência, seu salário na OBOÉ, ate lhe dando encargos de que provavelmente TT não se poderia desincumbir, apenas para ocupá-lo e dar- lhe a ilusão de utilidade.
Fui amigo de Tarcisio Tavares, desde o comecinho da década de sessenta. Jamais o vi com ódio de alguém. Nem mesmo mal humorado. Em seu coração, não havia espaço para o rancor.
O que nunca esquecerei serão suas risadas, verdadeiras gaitadas que expressavam sua alegria divertida diante da vida.
Perdemos muito, o mundo principalmente, quando um catedrático de alegria que era também um padrão de bom caráter vai assim embora.
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(*) Lustosa da Costa (Sobral), jornalista e escritor.