Junho 2012
Acopiara - Eita Brazilzão sem porteira
Daqui de Acopiara, a 360 km de Fortaleza, dá pra gente ver o Brasilzão sem porteira. Não precisa pegar ônibus, caminhão, jipe, carrão, carrinho, nada! Acabaram com o trem e não tem avião.
Basta abrir o computador e navegar na Web.
Macho, a coisa tá braba. Quanto mais o mundo anda pra frente, andamos pra trás. Sem muito esforço, concluímos que não apenas temos 20 milhões de analfas, bem como outros 100 milhões de analfas funcionais.
Escola ruim e educação péssima só produzem estragos no nosso processo civilizatório.
Pela Web, rolam e-mails sobre as “pracas”. O “kibeloco”, fiscal da língua, com base nestas “pracas”, deixa o Brasil nu, com rola e bolas de fora, se forem homens, buzinas e vassouras à mostra, se forem mulheres, ainda não vitimadas pela moda das pererecas!
O resultado é digno da monstruosidade dos ENENs”. Ninguém se deu conta das gerações perdidas por falta de escola e escolaridade.
Hoje, temos 6 milhões de jovens nas universidades,16 milhões fora e seis milhões fazendo cursinhos para disputar 200 mil vagas nas universidades públicas. O discurso do MEC é contra o futuro do país, é apoplético, patético, petético, antiético. Os ministros da Educação com suas ONGS são sinistros. Deveriam ser presos e sumariamente julgados pelos tribunais de Kakay e de Thomas Bastos! Voltando à vaca fria, vejamos na prática o que acontece pelo Brazilzão, após 10 anos de tentativas de consertos e remendos. O apedeuta-mor vomitava: nunca dantes neste pais e os analfas aplaudiam-no histericamente. Estamos descendo a ladeira, a caminho da Barbárie, nome de um novo município do ABC paulista, incrustado entre São Caetano dos Bárbaros e Santo André dos Ignorantes:
Vende-se virou vendi-ce, Barbacue - Barbie kill ou baby kio, cartomante – carta o mante, asfalto – osfalto, mesa de ferro fundido – mesa de ferro fudido, vaca atolada – vaca à tolada, musse – mouse, pneu – peneu e pineu, hotwailler – hot vale, halls – rause, tape ware – tapoé, afrodisíaco –a flor de zíaco, instalador de SKY – estalador de SKY, barbearia – barbe Aria, big brother –big brodd, refrigerante – refrigeranti, hot dog – roguidogi, churrasquinho de frango – xurasqui de frango, queijo – quejo, salsichão – sausisão, charque – xarque, meio período – meio perildo, armário de aço – armário de aso, freezer – frízer, milho verde – milho verdi, pamonha – pamomlha , eucalipito –eucalipido, lombada –lonbada, laquiamos –lakiamos, peças e pneus para sua bike – pesas e pineus para sua baig, executamos - ezecultamos, injeção eletrônica – injesão, fazemos buquê – fazemos bouquet, perseguição – peciguição, atleta – alteta, hoje – hoge, mercado Carrefour –mercado Karrifu, não estacione – não estazione, ponto do acarajé –ponto do acarangé, adeus Serie C – adeus cerie-C, concerta bicileta – conceta biciqeta, só calças griffe man – guifeman, gergelim - gingilin, spray – esplei, chave –chave, chaveiro – xaveiro – faço carimbo – fasso karibo, dou aula de português – dô aula de portuguei – amolador – omolador, eu amolo tesoura – io amola kisora, champaghe – shampanhe; Buate Black Tie – Boate Black Thay, Bar da Loucura- Bar da Lokura, Vaso com assento – Vaso com acento; Cheesecake, Chiscay. Tudo isso e muito mais está nas “pracas” reunidas pelo “kibeloco” ou por outros kibes, nada loucos, como António Pinho, Socorro Gurgel, Waldin Rosa de Lima, Stelio Dias e Wilson Ibiapina.
As “otoridades” não estão nem aí para as “pracas”.
Afinal quem faz estas pracas “votam na gente”, como diz o autor de “Azelites”, livro todo em branco dos apedeutas.
Existem “pracas” com dizeres: “Bar e merceria tem de nada”, “Supermercado Jesus me deu”, Alegre festas; mesas, caderas, tobogam inflavio, cama elástica, bufffet”, “não toque, se são souber ler, procure o guarda”. “Vende-se frango semi-caipira e fraldas descartaveis”, “Testemunha de Jeová, se não tem o que fazer não venha fazer aqui”, “Rei da Pamonha, restaurante árabe”, “Corta-se cabelo masculino ao vivo”, “Ponte Cell, consertamos todos os tipos de aparelhos celulares, com ou sem fio”, “Clinica Medica Alvorada. Convenio Exclusivo com a Funerária Renascer. Juntos para melhor servi -los”. “Bloco Dumdum, Atenção!!! brigas e confusões não serão aceitas dentro do bloco Dumdum.
Os envolvidos serão banidos permanentemente do Bloco.
E para os que não gostarem saibam que estamos defecando e tranzitando”. Mercearia e P izzaria. Temos Cimento”.
“O madrugão. O pior galeto de Porto de Galinhas, o ruim mesm´é a pizza”. No Estádio da Portuguesa, em S.Paulo, o garoto do placar pôs a “praca”: Portugusa, Marilha. O aloprado ministro da Educação vai propor a bolsa língua e a construção de um monumento ao analfabeto desconhecido.
A maioria das “pracas “comerciais é de micoempreendedores, ente que pouco paga o INSS mas que vai se aposentar. A nação lhes indenizará por terem sido excluídos da escola! Não estudaram, não leram, falam e escrevem errado o tempo todo, acham lindo “língua plesa”, tentam sobreviver como podem, muito diferente dos membros mensaleiros , da classe dominante, que sobrevivem com boquinhas, corrupas, milhões, carrões, mulherões, cartões, aviões, e que usam o estilo de linguagem dos analfas aquidanuanos, a fina flor com Mestrado, MBA, doutorado, pós graduação.
JB Serra e Gurgel (Acopiara) jornalista e escritor, filho, com Nertan Holanda Gurgel (Acopiara), 95 anos, uma vida de lutas, desafios, decência e dignidade.r